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Água , pena que é desperdiçada !!


Osasco, 30 de Agosto de 2012

Dependência de adolescentes a junk food é resolvida com reeducação alimentar




Fast foods: vício X reeducação alimentar. Foto de arquivo



Fast foods: vício X reeducação alimentar. Foto de arquivo
RIO - Gabriel Carvalho, de 13 anos, não tem dúvidas. Entre uma maçã e biscoitos recheados, uma barrinha de cereais e uma porção de batatas fritas ou um copo de leite e um refrigerante, ele sempre fica com a segunda opção. Desde a infância foi assim. O gosto apurado de adolescentes para alimentos de baixo teor nutritivo não é somente uma questão cultural, dizem nutricionistas. Estudos mostram que a preferência para guloseimas também está associada à própria composição de produtos açucarados, salgados e gordurosos; fabricados para excitar o paladar e ativar no cérebro a sensação de prazer. Mas dá para acabar com esta dependência química a aditivos alimentícios, e o primeiro passo é a reeducação alimentar.
O poder viciante de produtos processados foi observado em pesquisas feitas por neurocientistas, como Nicole Avena, da Universidade da Flórida, e Bartley Hoebel, de Princeton. Seus estudos demonstraram que o açúcar refinado, assim como sal e gorduras saturadas, causam o mesmo efeito no cérebro de drogas como a cocaína. Priscila Maximino, da clínica Nutrociência, especializada em adolescentes, reforça que alimentos industrializados, muitos de baixo custo, estimulam o paladar e liberam mensageiros químicos que ativam a sensação de prazer e bem-estar.Pouco consumo de água preocupa
Portanto, ensina Priscila, a orientação dos pais é importante para a fazer a escolha certa já infância; são eles quem decidem o que a criança vai por no prato. Na adolescência, apesar de os jovens decidirem o que querem comer, quem ainda faz as compras são os pais, e nesta fase, continuam a ter papel essencial na educação nutricional:
- Ouço pais reclamando que seus filhos não comem verduras, frutas, legumes, mas eles também não - afirma Priscila. - Não raro vejo adolescentes hipertensos, com fígado gorduroso e colesterol alto, tomando medicamentos que antes eram apenas para adultos.
Não é só isso. Dados do IBGE mostram que 15% dos brasileiros entre 6 e 18 anos estão acima do peso; 5% são obesos e estes índices continuam aumentando. Um motivo, além do junk food, é o baixo consumo de leite e seus derivados, hábito que além de ajudar no aumento do peso, enfraquece.
- Atingimos o pico de massa óssea aos 25 anos e o leite é a melhor fonte de cálcio. Mas crianças e jovens tendem a substituí-lo por refrigerante - diz a presidente da comissão científica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Carmen Regina Leal de Assumpção. - Vale lembrar que substâncias em refrigerantes impedem fixação do cálcio.
Carmen faz outro alerta. Uma criança não obesa entre os primeiros anos de vida tem um risco de 10% de se tornar um adulto gordo. Caso seus pais sejam obesos, este índice varia entre 15% e 25%. Porém, na faixa de 15 aos 17 anos, se o adolescente não for obeso e um dos pais for, o risco de se tornar um adulto gordo é de 14%. Agora, se o jovem for obeso, esta probabilidade é maior, 54% se os pais não forem gordos, e 73% se pelo menos um deles for.
Para reduzir esses números, uma estratégia, diz Priscila, é relacionar comida à saúde, e não à doença:
- Se o jovem gosta de esportes, ensine que o cálcio, presente em laticínios, vai fortalecê-lo. Que beber líquidos saudáveis, principalmente água, é melhor do que refrigerantes e ajuda a evitar cãibras. Que o ferro, encontrado no feijão e nas carnes, é bom para concentração.
A ideia é boa porque, em geral, jovens não se ligam na própria saúde, diz a nutricionista Maria Fernanda Elias Llanos, e o sabor e o prazer acabam tendo mais peso do que os bons nutrientes:
- Um fator prejudicial é a ausência dos pais, que saem para trabalhar e não conseguem preparar e fazer refeições em família. E comer lanche ou pratos prontos acaba virando rotina - comenta Fernanda. - Biscoito ou refrigerante pode sair mais caro do que comprar legumes, verduras, hortaliças, ovos.
E uma pesquisa com 478 estudantes, de 9 a 12 anos, de escolas de Duque de Caxias no Estado do Rio, revelou o quanto é importante estimular as crianças a comerem de forma saudável. Segundo o levantamento, coordenado pela nutricionista Diana Barbosa Cunha, do Instituto de Medicina Social da Uerj, 27% dos participantes estavam acima do peso e 52% do total não pensavam em mudar a alimentação. E ela não era nada saudável. Biscoitos e refrigerantes faziam parte do cardápio diário, e havia jovens que não conheciam frutas e hortaliças ao natural. Um dado chamou a atenção:
- Eles bebiam pouca água, hábito importante para eliminar substâncias tóxicas e até para emagrecer - conta Diana




Álcool um perigo que ronda livremente os adolescentes cada vez mais cedo


Álcool um perigo que ronda livremente os adolescentes cada vez mais cedo


Achar drogas como maconha e ecstasy no meio das gavetas de um filho é algo assustador e preocupante para muitos pais, que podem ser os mesmos que não vêem problema que o filho beba, principalmente, se estão em casa com eles por perto. Esse comportamento despreocupado da família, e consequentemente, da sociedade pode ser uma das razões para que o consumo de álcool entre os adolescentes no Brasil aconteça cada vez mais cedo.
A venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos no Brasil é proibida por lei. No entanto, cerveja, ice, e até mesmo tipos mais fortes como vodca, vinho e o uísque começam a fazer parte da vida de adolescentes cada vez mais cedo. Segundo pesquisa divulgada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em 2010, 80% dos adolescentes entrevistados entre 12 e 18 anos já beberam alguma vez na vida. Ainda de acordo com o estudo, 46% dos estudantes revelaram que o primeiro consumo de bebida ocorreu na própria casa, em segundo aparece a casa de amigos, com 26% do total.
O consumo de bebida alcoólica é aceito e até estimulado pela sociedade. Nas propagandas é apresentada em situações onde está diretamente relacionada à expectativa dos jovens. São situações de humor, momentos divertidos entre amigos e até mesmo ao sucesso no jogo da sedução. O adolescente, que vive uma fase de descobertas, entre elas o autoconhecimento, busca se organizar internamente e tende a absorver os estímulos e adotar a ideia que é vendida. O perigo tem a ver com as possíveis conseqüências do excesso de álcool nessa fase, que está associado a uma série de comportamentos de risco, além de aumentar a chance de envolvimento em acidentes, violência sexual e participação em gangues.

Estudos sobre o consumo de álcool por adolescentes revelam que ele está fortemente associado à morte violenta, queda no desempenho escolar, dificuldades de aprendizado, prejuízo no desenvolvimento e estruturação das habilidades cognitivo-comportamentais e emocionais do jovem. ”O álcool é uma das substâncias psicoativas, que alteram a função cerebral e temporariamente muda a percepção, o humor, o comportamento e a consciência, mais precocemente consumidas pelos jovens. Existem muitos estudos, nacionais e estrangeiros, que confirmam a impressão genérica de que, se o álcool é fácil de ser adquirido e fartamente propagandeado, sem dúvida isto se refletirá em seu consumo” - explica a psiquiatra Daniele Paiva de Azevedo, especialista em dependência química – “O adolescente ainda está construindo a sua identidade. Mesmo sem um diagnóstico de abuso ou dependência, pode se prejudicar com o seu consumo, à medida que se habitua a passar por uma série de situações apenas sob efeito de álcool.”
Um recente estudo realizado pela Universidade americana Oregon Health & Science constatou que adolescentes que vivem em um ambiente familiar com casos de alcoolismo estão mais propensos a desenvolver o mesmo vício no futuro. Foram analisados 31 jovens de 13 a 15 anos. Dezoito deles apresentava histórico de alcoolismo familiar. Através de imagens por ressonância magnética, os pesquisadores estudaram a resposta dos adolescentes para tomar decisões rápidas, simulando como eles se comportariam se estivessem em uma situação de risco e que envolvesse grandes quantias de dinheiro. Os jovens com casos de excesso de bebida na família apresentaram uma inibição no comportamento e diferenças na ação cerebral, mesmo quando desempenhavam as mesmas atividades do que os adolescentes cujas famílias são livres do drama. A conclusão da equipe responsável pelo trabalho, aponta que essa mudança nas funções do cérebro pode afetar a tomada de decisões dos adolescentes com histórico familiar de alcoolismo. Os jovens passariam a fazer escolhas piores por conta de problemas de atenção e memória.
É claro que o histórico familiar não pode ser apontado como o principal fator ou causa que pode levar um jovem a ser dependente químico em relação à bebida alcoólica. Mas deixa claro que fatores genéticos somados ao estímulo do ambiente onde este adolescente vive podem ser uma combinação perigosa.
A família tem um papel determinante em toda história. A revista científica “Alcoholism: Clinical & Experimental Research” publicou em seu site uma pesquisa holandesa feita com 238 adolescentes entre 12 e 16 anos, cujo resultado revela que os adolescentes tendem a beber menos quando os pais impõem regras mais severas sobre o consumo de álcool. “O adolescente não sabe muito bem ainda o que lhe faz bem e o que lhe faz mal. Ainda está aprendendo a tomar conta da própria vida. Essa tarefa ainda pertence aos pais”, esclarece a psiquiatra Daniele. A pesquisa holandesa também testou o impulso dos adolescentes em relação ao álcool. Quando proibidos, os meninos bebem menos que as meninas da mesma idade. No entanto, quando os pais permitem, o consumo deles é maior que o delas. “Há um movimento, ainda muito discreto na sociedade, pedindo mais severidade dos representantes da lei para que locais que vendem bebida alcoólica para menores sejam fechados. É importante que a lei seja cumprida, mas também é igualmente importante que os pais assumam a censura aos filhos, e não deixem isso apenas por conta do Estado,” ressalta a especialista.
A professora carioca Cristiane Santos, de 36 anos, mãe de Matheus de 14 acredita que a proibição não é o melhor caminho. “Não acho que os pais devem proibir os filhos de beberem, acho que eles tem de conversar para apresentar os malefícios que o consumo dela pode proporcionar a eles. A vida do meu filho não me pertence, apenas apresento lhe os caminhos que nossa vida pode seguir por causa de nossas escolha. Só apresento para ele o quê o consumo dela pode causar. E ele não tem a mínima vontade de experimentar. Temos uma relação bem aberta, e numa de nossas conversas, ele me falou sobre como acha feio seus amigos beberem e fumarem,” diz Cristiane. Já a arquiteta Joana Macedo de 40 anos, mãe de Angélica de 13, concorda com a pesquisa. “Minha filha tem 13 anos ainda, não acho que já seja capaz de compreender o que faz bem a ela ou não. Eu procuro ensinar, explicar as conseqüências que o álcool em excesso faz, mas ainda acho que é cedo para deixar essa escolha na mão dela”, explica a arquiteta. Quando perguntada se teme que a filha experimente escondido ressalta: ”Sei que é um risco, mas também preciso estabelecer uma relação de confiança com ela. Converso abertamente e ensino que tudo na vida é uma conquista, inclusive a confiança.” A psiquiatra Daniele ressalta aos pais que a proibição é artifício temporário. “Os pais precisam ter em mente que ao fazerem uma proibição aos filhos, ela não durará para sempre. O filho fica proibido de fazer determinadas coisas apenas enquanto não puder decidir sozinho ou não tiver autonomia para tanto. Cabe aos pais fornecerem informações e reconhecerem quando estão aptos para fazer escolhas.”

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